domingo, 26 de julho de 2015

Itinerários do VLT levarão passageiros a conhecer prédios e lugares do Rio de outros tempos

Antigas linhas são desenterradas no Centro durante obras para o VLT

Trilhos dos antigos bondes ressurgem com as obras

POR RAFAEL GALDO / SIMONE CANDIDA

26/07/2015 - O Globo



Rede de transporte. Mapa de itinerários de bondes que cortavam a cidade - Reprodução

RIO - Nas escavações do VLT, também se encontrou o passado do Rio. Os trilhos dos antigos bondes que cruzavam a cidade estão ressurgindo com as obras para implantação do novo sistema. À medida que é retirado o asfalto, eles reaparecem em ruas como a da Constituição e as do entorno da Praça Tiradentes, revelando um tempo em que os velhos veículos verdes-escuros eram o principal meio de transporte público da cidade - da segunda metade do século XIX a meados do século XX.

Foi justo nessa região, aliás, que surgiu uma das primeiras linhas de bonde do Rio, ligando a Praça Tiradentes à Usina, ressalta o pesquisador Paulo Clarindo, coordenador do grupo Amigos do Patrimônio Cultural. Na época, o inglês Thomas Cochrane conseguiu a concessão do governo imperial para, em 1859, inaugurar as viagens em veículos então puxados por burros e apelidados de "maxambombas". Era o início de uma era na cidade, que chegou ao começo do século XX com uma rede que cortava quase todas as principais ruas do Centro.

- Os trilhos encontrados agora não deixam de ser uma arqueologia dessa época. Por isso, defendemos que todo esse material seja documentado, com acompanhamento de arqueólogos - diz Clarindo.



VÍDEO Um passeio de VLT pela história do Rio


INFOGRÁFICO Um passeio pela história do Rio
Rio Branco, uma avenida novamente em transformação

Foi um meio de transporte, lembra o historiador Nireu Cavalcanti, que resistiu até a década de 1960, quando foi paulatinamente substituído pelos ônibus. Antes disso, porém, era quase impossível imaginar o Rio sem ele.

- Ao se fundar um bairro na cidade, a primeira coisa que se fazia era criar uma linha de bonde, como aconteceu com Vila Isabel e Copacabana. Já o Centro era totalmente cortado pelas linhas. Em praticamente todas as principais ruas da região, vão se encontrar vestígios dos trilhos - diz ele.

Agora, com o VLT, a opção do transporte sobre trilhos volta ao Centro. Para o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Pedro da Luz Moreira, isso representa uma mudança na mobilidade da região, abrindo a possibilidade de integração com outros meios, como as barcas, na Praça Quinze, o metrô, na Cinelândia, e os trens, na Central do Brasil. O bonde moderno permitirá também uma conexão mais eficiente entre o Santos Dumont e a rodoviária.

- Além disso, o VLT tem uma interface com pedestres e moradores muito mais amigável do que o ônibus. É mais silencioso, tem maior capacidade de transporte e, portanto, oferece mais qualidade. O que precisamos estar atentos agora é para que esses meios de transporte não sejam concorrentes, mas complementares - diz.

COMO SERÁ O VLT

BONDE MODERNO: As composições do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) comportarão, em média, 420 passageiros. Elas terão 3,77 metros de altura, 44 de comprimento e 2,65 de largura, com um padrão de sete módulos integrados (correspondentes a três vagões). O sistema terá capacidade para transportar cerca de 300 mil passageiros por dia. A proposta é que, com os VLTs, seja reduzido o número de linhas de ônibus que passam pelo Centro.

FROTA: Ao todo, o sistema terá 32 trens. O primeiro deles chegou da França no início deste mês e, na semana passada, permanecia no canteiro de obras próximo à Rodoviária Novo Rio. Outros quatro também virão da Europa, enquanto os demais serão montados na fábrica da Alstom em Taubaté, São Paulo. O segundo trem deverá chegar daqui a duas semanas. A previsão é que a frota esteja completa no fim do ano. Os trens serão equipados com ar-condicionado e terão piso rebaixado, facilitando a acessibilidade.

ESTAÇÕES: Quando todo o sistema estiver pronto, com seus 28 quilômetros, serão 32 paradas. Haverá quatro estações principais (Rodoviária Novo Rio, Santos Dumont, Praça Quinze e Central), e outras menores. Os protótipos já foram aprovados, e as primeiras estações deverão começar a ser instaladas ao longo deste segundo semestre, provavelmente a partir de setembro.

FUNCIONAMENTO: O VLT vai operar 24 horas por dia, sete dias por semana. Os intervalos deverão variar entre três e 15 minutos, dependendo da linha e do horário. De madrugada, os veículos circularão a cada meia hora. O sistema de pagamento prevê a utilização do Bilhete Único e a validação voluntária, sem roletas.

ENERGIA:. Os veículos serão movidos por um sistema chamado de APS (sigla para ''alimentação pelo solo''), que consiste em um condutor que, entre os trilhos, fornece energia para o VLT. Com isso, não será necessária a instalação de redes áreas de eletricidade.

VELOCIDADE: A velocidade média dos trens será de 17 km/h.

CUSTO: O custo da implantação do sistema está previsto em R$ 1,157 bilhão. Desse total, R$ 532 milhões são recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Mobilidade, e R$ 625 milhões foram viabilizados por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP).

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/antigas-linhas-sao-desenterradas-no-centro-durante-obras-para-vlt-16967424#ixzz3h1ZYjccR 
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