quinta-feira, 31 de julho de 2014

Obra de implantação do VLT pode fazer rodízio de carros ser adotado no Centro do Rio

Prefeitura quer primeiro testar opções, como trabalho noturno e desvios

POR ISABELA BASTOS

31/07/2014 - O Globo


Área por onde passará o VLT, perto do Morro da Providência - Custódio Coimbra / Agência O Globo

RIO — As obras de implantação do veículo leve sobre trilhos (VLT) no Centro e na Zona Portuária poderão levar à adoção de um rodízio de carros durante as intervenções. O prefeito Eduardo Paes começou a discutir o assunto nesta quarta-feira, numa reunião com técnicos das áreas de transportes e obras, como adiantou Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO. A prefeitura está preocupada com a mobilidade na região, já prejudicada pelas obras do Porto Maravilha e pela demolição do Elevado da Perimetral. A ideia é primeiro esgotar alternativas, como a adoção de desvios, interdições parciais de ruas e trabalho noturno. O rodízio seria o último recurso e só seria adotado, se necessário, a partir de janeiro.

Segundo o secretário municipal de Concessões e Parcerias Público-Privadas, Jorge Arraes, dois terços das ruas a serem usadas pelo VLT ficam na Zona Portuária. No Centro, as vias que vão integrar o trajeto do bonde são a Praça da República, as ruas da Constituição e Sete de Setembro e a Avenida Rio Branco. A preocupação maior recai sobre essas vias.

— O rodízio seria uma medida extrema. Teremos várias frentes de obras sendo instaladas até dezembro. O pico do trabalho será em abril. Vamos estudar alternativas — explica Arraes.

PROJETO REATIVA TÚNEL ABERTO NO TEMPO DO IMPÉRIO

Divididas em nove etapas, as obras do VLT já começaram por um antigo túnel sob o Morro da Providência. Aberto no tempo do Império, para fazer a ligação ferroviária do Porto com a Central, ele estava desativado há décadas. Durante as obras de revitalização da Zona Portuária, o túnel foi limpo e teve a galeria recuperada. Agora, operários do consórcio do VLT abrem a calha onde serão instalados os trilhos.

O canteiro do VLT no túnel ferroviário ocupa hoje a área da Vila Olímpica da Gamboa. Os equipamentos esportivos estão sendo remanejados dentro do próprio terreno, para permitir também a construção do futuro centro de operações do bonde moderno.

As obras deverão ganhar as ruas em setembro. A Avenida Binário e as ruas General Luiz Mendes de Morais e Santo Cristo, próximas à Rodoviária Novo Rio, serão as primeiras a receber os trilhos.

Segundo o secretário de Concessões e Parcerias Público-Privadas, Jorge Arraes, nessas avenidas — que se tornaram opção de circulação para o Centro, com a derrubada da Perimetral — o trabalho mais pesado será noturno, para não atrapalhar o trânsito.

LINHA ATÉ O AEROPORTO SANTOS DUMONT

Até dezembro, a prefeitura pretende abrir gradativamente frentes de obras nas avenidas Rio Branco, Beira-Mar e Rodrigues Alves, nas ruas Sete de Setembro e da Constituição, nas praças da República e Mauá, entre outras vias.

Os trilhos do VLT começam a chegar em agosto. Eles estão sendo fabricados na França pela Alstom, mesma fornecedora dos bondes. O VLT terá seis linhas. A previsão é que a primeira esteja pronta para testes em dezembro de 2015. Ela ligará a rodoviária ao Aeroporto Santos Dumont, passando pela Zona Portuária e pelo túnel ferroviário. A partir desse ponto, a linha atravessa a Presidente Vargas e segue por Praça da República, ruas da Constituição, Sete de Setembro, avenidas Rio Branco e Beira-Mar, até chegar ao Santos Dumont.

Read more: http://oglobo.globo.com/rio/obra-de-implantacao-do-vlt-pode-fazer-rodizio-de-carros-ser-adotado-no-centro-do-rio-13440149#ixzz392nOIAiE

sábado, 19 de julho de 2014

Fábrica começa a testar o novo bonde de Santa Teresa em Três Rios

06/04/2014 - Correio do Brasil

Governo do Estado do Rio está investindo cerca de R$ 110 milhões na modernização de todo o sistema

A primeira composição do novo Sistema de Bondes de Santa Teresa já começou a operar em fase de testes dentro da fábrica em Três Rios, no Centro- Sul Fluminense. Vencedora da licitação, a Trans Sistemas de Transportes (T'Trans) prevê entregar até novembro os 14 bondes elétricos adquiridos pela Casa Civil. O Governo do Estado está investindo cerca de R$ 110 milhões na modernização de todo o sistema, que inclui fabricação dos bondes e a reforma da rede elétrica, trilhos, oficina e controle operacional.

Mantendo as características visuais do modelo antigo, as novas composições receberam as tecnologias mais modernas do setor. Entre as novidades estão os estribos retráteis, que ficarão recolhidos durante a circulação para evitar que os passageiros viajem em pé. Cada veículo terá capacidade para 32 pessoas, que ficarão protegidas por um travessão. Em metade da frota haverá um espaço para cadeira de rodas.

- O bonde antigo era feito de madeira e esse novo tem a estrutura interna toda feita em aço, com revestimento em fibra de vidro. Ele tem três tipos de redundância de freio, em um sistema de tração moderno que reduziu o peso em 200 quilos. Esse produto recebeu as melhores técnicas e estamos devolvendo um cartão-postal do Rio com toda segurança e funcionalidade – afirmou Umberto Giavina-Bianchi, gestor de contratos da T'Trans.

O primeiro bonde ficará em teste na fábrica por 45 dias antes de ser entregue ao Governo do Estado. Com os novos trilhos sendo instalados em Santa Teresa, a previsão é de que ele chegue ao bairro histórico em maio para iniciar os testes na via.

Fonte: Correio do Brasil

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Adiada por uma semana a última etapa da demolição do Elevado da Perimetral

Com isso, Rodrigues Alves só fecha no dia 26. Objetivo é dar tempo aos cariocas para conhecer alterações no tráfego

17/07/2014 - O Globo


Avenida Rodrigues Alves será fechada no dia 26 para demolição do último trecho da Perimetral - Márcia Foletto / Agência O Globo (15/11/2013)

RIO - A prefeitura decidiu adiar em uma semana a interdição das duas pistas da Avenida Rodrigues Alves, no Santo Cristo, para a demolição do último trecho do Elevado da Perimetral. Marcado inicialmente para este sábado, a partir das 8h, o fechamento foi transferido para o próximo dia 26, "para que a população tenha mais tempo para conhecer as mudanças no dia a dia", diz uma nota do governo. A interdição da Rua Pedro Ernesto, na Gamboa, no entanto, será mantida.

O fechamento da Rodrigues Alves, no trecho entre o estacionamento da Rodoviária Novo Rio e a Avenida Professor Pereira Reis, viabilizará não só a remoção do elevado, como a implantação de redes de água, saneamento, drenagem, energia, gás natural, telecomunicações e iluminação pública. A previsão é que o trecho seja reaberto no segundo semestre de 2015.

MUDANÇAS PARA IMPLANTAÇÃO DE VLT

Por enquanto, o motorista deve ficar atento às mudanças na Pedro Ernesto, que será totalmente interditada a partir das 8h deste sábado. O objetivo, segundo a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), é possibilitar a continuidade das obras de infraestrutura e implantação do veículo leve sobre trilhos (VLT). Com o fechamento, a Rua do Propósito passa a operar em mão única entre as ruas Sacadura Cabral e da Gamboa, no sentido Rivadávia Corrêa. A Rua do Livramento terá fluxo no sentido Sacadura Cabral. A Rua Leôncio de Albuquerque, entre as ruas Pedro Ernesto e do Livramento, também mudará de mão.

Por causa da interdição, haverá mudanças nos itinerários das linhas de ônibus, que passarão a circular pela Rua do Livramento. De acordo com a prefeitura, os pontos das linhas municipais na Pedro Ernesto e na Sacadura Cabral serão transferidos para a Rua do Livramento, próximo aos números 57 e 145.

Para tentar aumentar a fluidez do trânsito, o estacionamento será proibido na Rua do Propósito (entre as ruas da Gamboa e Sacadura Cabral) e na Rua Leôncio de Albuquerque (entre as ruas Pedro Ernesto e do Livramento). Do lado esquerdo da Sacadura Cabral (entre as ruas do Livramento e do Propósito), o estacionamento estará liberado.

Agentes de tráfego estarão na região para orientar os motoristas.

Read more: http://oglobo.globo.com/rio/adiada-por-uma-semana-ultima-etapa-da-demolicao-do-elevado-da-perimetral-13291211#ixzz37pZWyxj9

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Persiste impasse na licitação do trem do Corcovado

15/07/2014 - O Globo

Segue indefinida a data de publicação o edital de licitação do sistema ferroviário Cosme Velho-Corcovado. Prometido pelo presidente do Instituto Chico Mendes (ICMBio), Roberto Vizentin, para o dia 27 de junho, o edital que norteará a concorrência para a exploração do serviço pelos próximos 20 anos já está pronto há algum tempo, mas seu conteúdo tem passado por revisões. Caberá à empresa responsável operar o sistema por 20 anos e fazer investimentos inéditos: somente nos primeiros anos de concessão deverão ser aplicados R$ 111,06 milhões, e toda a frota será modernizada. A expectativa é que até os Jogos Olímpicos pelo menos um novo trem já esteja operando.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Com cinco meses de atraso, testes de bondinho em Santa Teresa começam em agosto

Em 2011, acidente que matou seis pessoas e feriu 57 interrompeu o serviço

POR ISABELA BASTOS

07/07/2014 - O Globo

 No Largo do Curvelo, uma britadeira acoplada a um trator quebra o pavimento Foto: Agência O Globo / Gustavo Stephan
No Largo do Curvelo, uma britadeira acoplada a um trator quebra o pavimento
Foto: Agência O Globo / Gustavo Stephan

RIO - Um micro-ônibus da linha 007 (Central - Silvestre) desce a Rua Almirante Alexandrino e passa devagar, desviando de carros parados, em frente ao brechó de Edileuza Batista da Silva. Ela atende turistas que buscam lembranças de Santa Teresa, enquanto ali em frente, na parte baixa da rua, as obras do bonde ocupam o entorno do Largo do Guimarães. Os paralelepípedos foram retirados, formando uma longa vala, onde operários trabalham, com uma betoneira e uma retroescavadeira, na concretagem da laje que vai segurar os novos trilhos. Mais adiante, na Rua Joaquim Murtinho, os dormentes antigos estão sendo levados embora, e a malha nova está sendo presa ao chão da via, interditada ao tráfego.

No Largo do Curvelo, uma britadeira acoplada a um trator quebra o pavimento. O barulho ensurdecedor marca o desembarque dos passageiros de outro ônibus. O veículo, que antes descia pela rua interditada, faz uma manobra no espaço apertado da pracinha para seguir em seu trajeto alternativo até o Centro. Com a rotina alterada desde novembro, quando os serviços começaram, os moradores de Santa Teresa sofrem os transtornos de viver em meio a um imenso canteiro de obras, à espera da volta do transporte que é o símbolo do bairro.

- Nem me fale dessa obra. Ela está deixando todo mundo doido. Antes, os ônibus passavam pelas duas pistas da Almirante Alexandrino. Agora é tudo aqui na minha porta, bem pertinho. Fora que o trabalho está muito devagar. Prometeram o bonde para a Copa e até agora, nada. Ele faz muita falta - reclama Edileuza, enquanto arruma as mercadorias.

Quase três anos depois do acidente que deixou seis mortos e tirou o bondinho das ruas do bairro, a previsão é que o transporte deverá voltar a operar, em regime de testes, em agosto. Segundo o governo estadual, a circulação experimental, necessária aos ajustes do sistema, será feita com um dos 14 vagões que estão sendo construídos em uma fábrica em Três Rios. Os testes acontecerão com cinco meses de atraso em relação ao prazo inicial, estimado a princípio para março, no trecho das ruas Francisco Muratori e Joaquim Murtinho até o Largo do Curvelo.

Também em agosto o estado espera começar a operação com passageiros neste percurso, segundo o secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola. Contudo, a estimativa em 2013 era que, inicialmente, o bonde estivesse rodando, já em junho, num trecho bem mais longo: do Largo da Carioca ao Dois Irmãos, passando pelos Arcos da Lapa e pelos largos do Curvelo, dos Guimarães e do França. Agora, a previsão é que todo esse trecho, além do trajeto do Dois Irmãos até o Silvestre - que estava desativado antes mesmo do acidente e ficaria pronto no segundo semestre deste ano - esteja transportando os passageiros no fim de 2015, diz Espíndola.

- A gente está trabalhando para que as pessoas possam andar no bonde em agosto, mas antes teremos testes de carga, de segurança. É muito complicado dar prazos para qualquer obra, porque podem ocorrer problemas que fogem da ingerência do estado ou do consórcio. Não é uma simples troca de trilhos. Estamos aproveitando para colocar novas redes de drenagem, gás e água, o que exige uma interface com concessionárias e prefeitura. Como íamos mexer nos trilhos, decidiu-se aproveitar para entregar algo melhor - explica o secretário.

Segundo o secretário, a próxima parte a ficar pronta, ainda este ano, será a do Largo da Carioca aos Arcos da Lapa. A implantação dos trilhos ali, que dependia de aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), deverá começar nos próximos dias.

- Como os Arcos são um bem tombado e antigo, estamos fazendo tratamento do solo, limpeza e impermeabilização antes de colocar os trilhos. E já temos a autorização do Iphan - afirma.

O atraso nos trabalhos preocupa a Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), que teme ainda que a recuperação não seja estendida a todo o percurso do bonde no bairro. A Amast questiona também o uso das lajes de concreto no lugar dos dormentes.

- O que temos de obra hoje não representa 20% do sistema. Nesse ritmo, isso não acaba antes de quatro anos. Outra preocupação é que estão fazendo uma laje de concreto em ruas que são em encostas e colocando os paralelepípedos por cima. O medo é que eventuais vazamentos fiquem minando o terreno por baixo, sem ser percebidos rapidamente - diz o secretário-geral da Amast, Álvaro Braga, que reclama ainda do impacto das obras no cotidiano dos moradores.

A diretora-geral do Hotel Santa Teresa, Mônica Paixão, é outra que faz coro às queixas. Segundo ela, a parte da Almirante Alexandrino em frente à entrada principal do hotel teve paralelepípedos e trilhos removidos parcialmente há mais de dois meses. Metade da rua virou um canteiro de obras, que teria ficado abandonado até a semana passada, segundo ela.

- A obra ficou um tempão parada, num momento importante que é a Copa. Fechamos pacotes de hospedagem há anos para essa época, e a entrada do hotel ficou parecendo uma praça de guerra. Somos a favor das obras do bondinho, queremos ele de volta, mas não dessa maneira - reclama Mônica que, para contornar o transtorno, passou a receber a maioria dos hóspedes pela Rua Felício dos Santos, onde são obrigados a enfrentar uma escadaria.

Na Joaquim Murtinho, enquanto dezenas de operários fixavam os trilhos no chão, uma loja de artesanato permanecia vazia na última terça-feira. O vendedor Natanael dos Santos conta que as vendas caíram muito desde o início dos trabalhos:

- Já teve dia de não entrar ninguém na loja. Ficamos com um tapume aqui na porta por dois meses.

Moradora de Santa Teresa, a doméstica Alcilene Machado passou a descer a pé a Joaquim Murtinho para ir ao banco. Ela garante que é mais rápido chegar ao Centro andando do que pegar ônibus, que, com as interdições, passaram a dar uma volta muito grande.

- Está todo mundo reclamando, mas a obra está caminhando. Agora temos que esperar, pois já está tudo quebrado mesmo - diz, conformada.

As três linhas de ônibus do bairro que passavam pela Joaquim Murtinho tiveram os trajetos alterados. Um operador de trânsito fica permanentemente no Largo do Curvelo, para ajudar os motoristas dos ônibus a contornar.

- Os ônibus dão uma volta enorme - conta o bancário Bruno Duarte. - Os taxistas também têm recusado corrida quando a pessoa fala que é moradora de Santa Teresa. Dizem que está ruim circular pelo bairro, por causa das obras.

O secretário Leonardo Espíndola afirma que o medo de eventuais problemas ligados à laje de concreto que está sendo instalada é infundado. E diz que, em obras de grande envergadura como essa, os transtornos são esperados:

- A gente teve o maior cuidado com isso (a laje). Fizemos estudos e estamos adotando o que tem de mais moderno. A Geo-Rio está acompanhando os trabalhos. A gente teve uma curva de aprendizado com essa obra. É difícil, porque isso causa impactos na vida das pessoas. Mas o impacto é menor que o benefício que ela irá trazer.

TRAGÉDIA DEIXOU SEIS MORTOS

No pior acidente com o bonde de Santa Teresa — um dos símbolos do turismo no Rio —, em 27 de agosto de 2011, seis pessoas morreram e 57 ficaram feridas. O veículo saiu dos trilhos, derrubou um poste e tombou numa curva da Rua Joaquim Murtinho. Antes disso, ele teria perdido os freios.

Quatro passageiros morreram na hora. Algumas vítimas foram jogadas para fora e esmagadas pelo próprio bonde. O condutor Nelson Correia da Silva chegou a ser socorrido, mas não resistiu. E o bondinho ficou completamente destruído.

Na ocasião, moradores de Santa Teresa disseram que o veículo — com capacidade para 32 passageiros sentados e 12 em pé — descia a ladeira, em direção ao Centro, em alta velocidade, como se estivesse sem freios. Denunciaram ainda as condições precárias de operação dos bondinhos, por falta de manutenção. Reclamaram também que nada tinha mudado no sistema, desde a queda e a morte de um turista francês, dois meses antes da tragédia.

Após o acidente, a Secretaria estadual de Transportes suspendeu a operação dos bondes. Já o laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) detectou 23 falhas no bondinho.



Read more: http://oglobo.globo.com/rio/com-cinco-meses-de-atraso-testes-de-bondinho-em-santa-teresa-comecam-em-agosto-13159139#ixzz36n83YEbB

Com cinco meses de atraso, testes de bondinho em Santa Teresa começam em agosto

07/07/2014 - O Globo

RIO - Um micro-ônibus da linha 007 (Central - Silvestre) desce a Rua Almirante Alexandrino e passa devagar, desviando de carros parados, em frente ao brechó de Edileuza Batista da Silva. Ela atende turistas que buscam lembranças de Santa Teresa, enquanto ali em frente, na parte baixa da rua, as obras do bonde ocupam o entorno do Largo do Guimarães. Os paralelepípedos foram retirados, formando uma longa vala, onde operários trabalham, com uma betoneira e uma retroescavadeira, na concretagem da laje que vai segurar os novos trilhos. Mais adiante, na Rua Joaquim Murtinho, os dormentes antigos estão sendo levados embora, e a malha nova está sendo presa ao chão da via, interditada ao tráfego.


No Largo do Curvelo, uma britadeira acoplada a um trator quebra o pavimento. O barulho ensurdecedor marca o desembarque dos passageiros de outro ônibus. O veículo, que antes descia pela rua interditada, faz uma manobra no espaço apertado da pracinha para seguir em seu trajeto alternativo até o Centro. Com a rotina alterada desde novembro, quando os serviços começaram, os moradores de Santa Teresa sofrem os transtornos de viver em meio a um imenso canteiro de obras, à espera da volta do transporte que é o símbolo do bairro.

- Nem me fale dessa obra. Ela está deixando todo mundo doido. Antes, os ônibus passavam pelas duas pistas da Almirante Alexandrino. Agora é tudo aqui na minha porta, bem pertinho. Fora que o trabalho está muito devagar. Prometeram o bonde para a Copa e até agora, nada. Ele faz muita falta - reclama Edileuza, enquanto arruma as mercadorias.

Quase três anos depois do acidente que deixou seis mortos e tirou o bondinho das ruas do bairro, a previsão é que o transporte deverá voltar a operar, em regime de testes, em agosto. Segundo o governo estadual, a circulação experimental, necessária aos ajustes do sistema, será feita com um dos 14 vagões que estão sendo construídos em uma fábrica em Três Rios. Os testes acontecerão com cinco meses de atraso em relação ao prazo inicial, estimado a princípio para março, no trecho das ruas Francisco Muratori e Joaquim Murtinho até o Largo do Curvelo.

Também em agosto o estado espera começar a operação com passageiros neste percurso, segundo o secretário estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola. Contudo, a estimativa em 2013 era que, inicialmente, o bonde estivesse rodando, já em junho, num trecho bem mais longo: do Largo da Carioca ao Dois Irmãos, passando pelos Arcos da Lapa e pelos largos do Curvelo, dos Guimarães e do França. Agora, a previsão é que todo esse trecho, além do trajeto do Dois Irmãos até o Silvestre - que estava desativado antes mesmo do acidente e ficaria pronto no segundo semestre deste ano - esteja transportando os passageiros no fim de 2015, diz Espíndola.

- A gente está trabalhando para que as pessoas possam andar no bonde em agosto, mas antes teremos testes de carga, de segurança. É muito complicado dar prazos para qualquer obra, porque podem ocorrer problemas que fogem da ingerência do estado ou do consórcio. Não é uma simples troca de trilhos. Estamos aproveitando para colocar novas redes de drenagem, gás e água, o que exige uma interface com concessionárias e prefeitura. Como íamos mexer nos trilhos, decidiu-se aproveitar para entregar algo melhor - explica o secretário.

Segundo o secretário, a próxima parte a ficar pronta, ainda este ano, será a do Largo da Carioca aos Arcos da Lapa. A implantação dos trilhos ali, que dependia de aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), deverá começar nos próximos dias.

- Como os Arcos são um bem tombado e antigo, estamos fazendo tratamento do solo, limpeza e impermeabilização antes de colocar os trilhos. E já temos a autorização do Iphan - afirma.

O atraso nos trabalhos preocupa a Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), que teme ainda que a recuperação não seja estendida a todo o percurso do bonde no bairro. A Amast questiona também o uso das lajes de concreto no lugar dos dormentes.

- O que temos de obra hoje não representa 20% do sistema. Nesse ritmo, isso não acaba antes de quatro anos. Outra preocupação é que estão fazendo uma laje de concreto em ruas que são em encostas e colocando os paralelepípedos por cima. O medo é que eventuais vazamentos fiquem minando o terreno por baixo, sem ser percebidos rapidamente - diz o secretário-geral da Amast, Álvaro Braga, que reclama ainda do impacto das obras no cotidiano dos moradores.

A diretora-geral do Hotel Santa Teresa, Mônica Paixão, é outra que faz coro às queixas. Segundo ela, a parte da Almirante Alexandrino em frente à entrada principal do hotel teve paralelepípedos e trilhos removidos parcialmente há mais de dois meses. Metade da rua virou um canteiro de obras, que teria ficado abandonado até a semana passada, segundo ela.

- A obra ficou um tempão parada, num momento importante que é a Copa. Fechamos pacotes de hospedagem há anos para essa época, e a entrada do hotel ficou parecendo uma praça de guerra. Somos a favor das obras do bondinho, queremos ele de volta, mas não dessa maneira - reclama Mônica que, para contornar o transtorno, passou a receber a maioria dos hóspedes pela Rua Felício dos Santos, onde são obrigados a enfrentar uma escadaria.

Na Joaquim Murtinho, enquanto dezenas de operários fixavam os trilhos no chão, uma loja de artesanato permanecia vazia na última terça-feira. O vendedor Natanael dos Santos conta que as vendas caíram muito desde o início dos trabalhos:

- Já teve dia de não entrar ninguém na loja. Ficamos com um tapume aqui na porta por dois meses.

Moradora de Santa Teresa, a doméstica Alcilene Machado passou a descer a pé a Joaquim Murtinho para ir ao banco. Ela garante que é mais rápido chegar ao Centro andando do que pegar ônibus, que, com as interdições, passaram a dar uma volta muito grande.

- Está todo mundo reclamando, mas a obra está caminhando. Agora temos que esperar, pois já está tudo quebrado mesmo - diz, conformada.

As três linhas de ônibus do bairro que passavam pela Joaquim Murtinho tiveram os trajetos alterados. Um operador de trânsito fica permanentemente no Largo do Curvelo, para ajudar os motoristas dos ônibus a contornar.

- Os ônibus dão uma volta enorme - conta o bancário Bruno Duarte. - Os taxistas também têm recusado corrida quando a pessoa fala que é moradora de Santa Teresa. Dizem que está ruim circular pelo bairro, por causa das obras.

O secretário Leonardo Espíndola afirma que o medo de eventuais problemas ligados à laje de concreto que está sendo instalada é infundado. E diz que, em obras de grande envergadura como essa, os transtornos são esperados:

- A gente teve o maior cuidado com isso (a laje). Fizemos estudos e estamos adotando o que tem de mais moderno. A Geo-Rio está acompanhando os trabalhos. A gente teve uma curva de aprendizado com essa obra. É difícil, porque isso causa impactos na vida das pessoas. Mas o impacto é menor que o benefício que ela irá trazer.

TRAGÉDIA DEIXOU SEIS MORTOS

No pior acidente com o bonde de Santa Teresa — um dos símbolos do turismo no Rio —, em 27 de agosto de 2011, seis pessoas morreram e 57 ficaram feridas. O veículo saiu dos trilhos, derrubou um poste e tombou numa curva da Rua Joaquim Murtinho. Antes disso, ele teria perdido os freios.

Quatro passageiros morreram na hora. Algumas vítimas foram jogadas para fora e esmagadas pelo próprio bonde. O condutor Nelson Correia da Silva chegou a ser socorrido, mas não resistiu. E o bondinho ficou completamente destruído.

Na ocasião, moradores de Santa Teresa disseram que o veículo — com capacidade para 32 passageiros sentados e 12 em pé — descia a ladeira, em direção ao Centro, em alta velocidade, como se estivesse sem freios. Denunciaram ainda as condições precárias de operação dos bondinhos, por falta de manutenção. Reclamaram também que nada tinha mudado no sistema, desde a queda e a morte de um turista francês, dois meses antes da tragédia.

Após o acidente, a Secretaria estadual de Transportes suspendeu a operação dos bondes. Já o laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) detectou 23 falhas no bondinho.