18/06/2015 - Agência Brasil
As obras para entrega do novo bonde de Santa Teresa, tradicional bairro na zona central do Rio de Janeiro, foram objeto de debate hoje (18) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A reunião foi pedida pela associação de moradores, que reclamou de problemas no projeto e na execução das obras. A reforma teve início em novembro de 2013 e, na época, o governo estadual prometeu entregar o novo sistema pronto até a Copa do Mundo de 2014. Devido a atrasos e falhas operacionais na execução dos trabalhos, a empresa concessionária responsável pelas obras, Elmo Azvi, recebeu este ano duas multas que, somadas, chegam a R$ 1,35 milhão.
Além das multas, a Secretaria Estadual de Transportes do Rio determinou reparos no trecho entre o Largo da Carioca e o Largo do Curvelo, e na Rua Franscisco Muratori, depois de testes que identificaram problemas para a operação de um dos tipos de freio. De acordo com a secretaria, os técnicos identificaram que a colocação dos paralelepípedos poderia impedir o funcionamento dos freios.
O secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, explicou que, devido aos problemas encontrados, não é possível estabelecer prazo para a entrega do novo sistema de bondes. Ele disse ainda que vai estabelecer metas para o avanço das obras ao consórcio Elmo Azvi e, caso elas não sejam cumpridas, existe a possibilidade de rompimento do contrato com a empresa. "Não existe segundo colocado no processo de licitação que deu a concessão das obras à Elmo Azvi. Então, teríamos que fazer novo [certame], e isso levaria tempo. Não gostaríamos de precisar fazer isso, mas se a empresa não atender as nossas exigências, poderemos pedir o rompimento do contrato na Justiça", disse.
Ainda de acordo com o secretário, as metas consistem em chegar, na primeira quinzena de julho, com a obra até o Largo dos Guimarães finalizada, com os trilhos assentados, além da conclusão do trecho em frente ao Hotel Santa Teresa e a finalização adequada do trajeto Carioca-Curvelo, fazendo o retrabalho e corrigindo os problemas das obras no trecho.
Na audiência pública, os moradores de Santa Teresa se mostraram preocupados com a tecnologia utilizada na restauração do sistema de bondes. De acordo com a Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), o projeto escolhido não leva em consideração as condições geológicas do bairro. A produtora cultural Claudia Schuch acredita que faltou estudo integrado. "Eu não confio nessa tecnologia escolhida. O consórcio está impermeabilizando o solo com a forma utilizada de colocar os trilhos, em laje de concreto, além de trocar trechos em paralelepípedo por asfalto. Essas mudanças podem ser a causa de futuros alagamentos em bairros próximos, como a Lapa", disse ela.
Entre as exigências da Amast para resolver o problema está a formação de um grupo de engenheiros de reconhecida credibilidade e experiência em engenharia de bondes, cujos nomes devem ser aprovados pela associação, para avaliar a tecnologia de assentamento dos trilhos em laje de concreto e, se for necessário, a elaboração de proposta de tecnologia alternativa.
Os moradores pedem também a avaliação da comissão de prevenção de riscos do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) e do Grupo de Apoio Técnico Especializado do Ministério Público Estadual sobre os riscos decorrentes da impermeabilização do solo, além de posicionamento da concessionária Rio-Águas sobre o estado da rede de drenagem de águas pluviais do bairro. A Amast exige ainda a recolocação dos paralelepípedos substituídos por asfalto na Rua Almirante Alexandrino, entre o Largo dos Guimarães e a Praça Odilo Costa Neto.
Quanto à segurança dos bondes, os moradores pedem a garantia de que os novos bondes só serão definitivamente aprovados depois de serem testados na totalidade dos trajetos que deverão percorrer e após publicação de relatório completo sobre os resultados dos testes.
No fim da audiência, o secretário Osorio concordou com a criação de um grupo envolvendo os órgãos envolvidos na questão das obras para discutir as reclamações e os pedidos dos moradores, além das mudanças que poderão ser realizadas. Comprometeu-se também em garantir a segurança dos usuários do novo sistema.
Os bondes de Santa Teresa deixaram de circular em 2011, após o acidente com um dos coletivos, que tombou no declive de uma das principais ruas do bairro. A tragédia ocorreu devido a uma falha no freio, deixando seis mortos e 57 feridos. O governo então decidiu paralisar temporariamente a circulação dos bondes até que seu sistema fosse modernizado.
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