Jornalista: Maria Izabel Monteiro
Foto: Ana Chaffin
Equipe realizou vistoria pelos 23 quilômetros da linha férrea
Na manhã desta terça-feira (27), o secretário de Obras Públicas, Tadeu Campos, acompanhado de vários técnicos da secretária de Estado de Transportes e de funcionários da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), realizou uma viagem em máquina da ferrovia pelos 23 quilômetros da linha férrea, que serão recuperados para a passagem dos veículos leves sobre trilhos (VLTs) que irão ligar o pólo industrial de Imboassica à localidade do Lagomar no novo modal de transporte que será implantado pela prefeitura para ajudar a resolver os problemas de transporte coletivo na cidade.
A viagem de inspeção começou na Estação Central da Ferrovia Centro Atlântica, nas proximidades da passagem de nível que separa o centro da cidade dos bairros Miramar e Visconde de Araújo, em direção ao Lagomar. Na volta, a inspeção seguiu até Imboassica. Os técnicos estaduais realizaram um levantamento mais preciso das necessidades para recuperação da linha, que incluem troca do material de base, troca de dormentes e alinhamento e troca de trilhos se necessário, capina de vários trechos, recuperação das passagens de níveis oficiais e remoção das passagens de níveis clandestinas, isso de acordo com as necessidades atuais do município, para então dar início á construção das estações, para atender à previsão de funcionamento dos trens no segundo semestre de 2011.
Segundo os técnicos do estado, os trens circularão na velocidade média de 27 a 30 quilômetros por hora, podendo chegar a 60 quilômetros por hora, tornando o tempo de viagem entre os dois pontos (de partida e de chegada) superior aos dos ônibus, chegando à meta de um terço do ônibus. O sistema será integrado com as linhas de ônibus hoje existentes, com integração tarifária, física e operacional.
Quanto às estações, inicialmente serão construídas as duas das pontas, uma no Lagomar e outra em Imboassica. Depois, as duas estações intermediárias e, posteriormente, as demais estações. O sistema contará com quatro máquinas, ou trem automotriz, e dois vagões de passageiros, totalizando 600 pessoas atendidas a cada viagem de ida e volta.
A viagem de inspeção, que passou nas proximidades de várias localidades do município, como Botafogo, Ilha Leocádia, Nova Esperança, Nova Holanda, Piracema, Parque Aeroporto, Engenho da Praia, Lagomar, Cavaleiros, Imboassica, entre outras, foi conduzida pelo maquinista da FCA, Felício Ferreira e contou com a participação dos técnicos da secretaria de Transportes do estado, Marcelo Nery Costa, Antônio Carlos Caiado, Heraldo Magioli, Rosemberg Fernandes, Geraldo Viana, Roberto da Silva Santos, Cláudia Werneck, José Roberto da Silva Júnior e Carlos Roberto Rommes.
Histórico do VLT em Macaé
O VLT em Macaé é um projeto da prefeitura através da secretaria de Mobilidade Urbana/Mactran. Em 30 de julho de 2009, no aniversário de 196 anos do município, na Estação Central da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), o prefeito Riverton Mussi assinou, juntamente com o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, o secretário municipal de Mobilidade Urbana, Jorjão Siqueira, o diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Mário Rodrigues e a diretora de Desenvolvimento de Negócios da FCA, Silvana Alcântara, o contrato operacional do novo modal de transporte ferroviário, que cortará a cidade num sistema de integração aos usuários. A partir daí, o município passou a ser a primeira cidade do Rio de Janeiro que vai disponibilizar à população, o serviço de veículo leve sobre trilhos (VLT) para passageiros, o popular “Metrô sobre Trilhos”.
O projeto de implantação do VLT em Macaé prevê que o trem transportará por dia cinco mil passageiros, em um sistema que atravessará 23 quilômetros de linha férrea ligando os bairros Lagomar e Imboassica, unindo, conforme diz o secretário de Obras Públicas, Tadeu Campos, “o pólo industrial situado em Imboassica ao pólo fornecedor de mão de obra, Lagomar”.
A implantação do VLT em Macaé é mais uma parceria entre o governo do prefeito Riverton Mussi com o governo do Estado, através da secretarias de Estado de Transportes, que vem dando o apoio técnico para o projeto, que vai oferecer um novo modal de transporte, o ferroviário, aos usuários do Sistema Integrado de Transportes da cidade. Esse projeto já recebeu, também em 2009, a autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Entendimentos iniciais entre a prefeitura e a FCA indicam que o trecho onde irão circular os VLTs de Macaé será utilizado pelo município, para o transporte de passageiros, em períodos do dia, enquanto a FCA, quando necessário, poderá trafegar à noite.
O estado, utilizando dados fornecidos pelo governo municipal, elaborou estudo que indica a necessidade de oito a dez estações no final do processo, iniciando com a implantação de cinco, sendo quatro periféricas e uma central, com dois desvios ativos para permitir o cruzamento de trens. Em termos operacionais, o estado aponta que esta deverá ser pendular em cada direção (Lagomar/Imboassica) partindo da estação central (Miramar), formando duas linhas: Central-Lagomar e Central-Imboassica, com intervalos de 30 minutos.
O transporte por VLT de Macaé tem previsão de transportar 660 passageiros/hora pico, o equivalente a 8,25 ônibus padrão de 80 lugares. O projeto deve ter sua culminância em 2012, tendo em vista o cumprimento de todos os procedimentos técnicos, burocráticos e legais. Nesse ano, Macaé completará 200 anos e o VLT será o marco desta comemoração.
O VLT - adotado por muitas cidades para resolver problemas de transporte coletivo
Com os VLTs, o país poderá voltar aos trilhos de um transporte eficiente.
Grandes cidades brasileiras, nos últimos 25 anos, cogitaram adotar veículos leves sobre trilhos (VLTs) para resolver seus problemas de transporte coletivo. Netos dos velhos bondes, os VLTs são um misto de metrô e ônibus, com a diferença de que custam a metade do primeiro e transportam quatro vezes mais passageiros que o segundo. Há dois anos, os projetos de implantação do sistema começaram a sair do papel no Nordeste e os VLTs já trafegam no sertão cearense, nos 14 quilômetros que ligam Crato a Juazeiro do Norte, no conhecido por muitos como “Metrô do Cariri”. Enquanto em Macaé os veículos leves vão circular sobre as linhas da Ferrovia Centro Atlântica, (FCA), no Nordeste eles circulam sobre linhas que pertenciam à Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e que estavam subutilizadas ou abandonadas. Isso reduz o custo de implantação do novo modelo de transporte.
A Copa de 2014 deu o impulso que faltava ao VLT. Todas as doze cidades-sede incluíram esses veículos em seus planos para o campeonato. Até o início dos jogos, o Brasil investirá 23 bilhões de reais em trens urbanos - com o VLT à frente. As indústrias ferroviárias já receberam encomendas de 120 veículos e disputam licitações para montar outros 200. O mercado é tão promissor que o gigante francês Alstom, detentor de 26% do mercado mundial de trens, passou a cogitar abrir, no Brasil, uma unidade para fabricá-los.
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