sábado, 21 de novembro de 2015

VLT faz o primeiro teste com trem energizado na Praça Mauá

Eduardo Paes disse que pretende aplicar uma multa para quem não pagar passagem
  
POR GUILHERME RAMALHO 

21/11/2015 - O Globo

RIO — Uma garoa fina começava a cair na Praça Mauá, na manhã deste sábado, quando, pela primeira vez, uma composição do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) passeou pela estrutura montada naquele trecho da Zona Portuária. Chamada de João do Rio, um dos principais cronistas da vida carioca no início do século passado, a composição de oito módulos percorreu em baixa velocidade cerca de 150 metros. Despojado e brincalhão, o prefeito Eduardo Paes acompanhou o teste e chegou a dirigir o trem, orientado por um maquinista francês, ao lado do filho Bernardo. Ele garantiu que as obras estão dentro do prazo.

— Daqui a pouco, as pessoas vão ver o VLT passando pela Rio Branco. É uma supertransformação numa cidade que sempre apostou muito no carro e esqueceu o transporte público de qualidade. A gente sabe que ainda há muito a se fazer, mas é importante ver o Rio avançando — disse o prefeito, que chegou na praça fazendo uma transmissão ao vivo pelo celular.

Das 32 estações do sistema, apenas três (rodoviária, Central e estação das barcas) terão catracas para o controle de entrada e saída de passageiros. Portanto, na maioria das estações, o pagamento será feito de forma voluntária, algo inédito no país e que vai depender da boa-fé das pessoas. De acordo com Paes, além de fiscalização, haverá uma multa para os “espertinhos”, cujo valor ainda será definido. A medida requer, no entanto, uma mudança na legislação.

— É óbvio que não será “liberou geral”, com as pessoas fazendo o que querem. É uma mudança cultural. Em outros países, já é assim. A gente quer apostar no respeito do cidadão. Essa experiência de civilidade será muito importante — destacou Paes, que se esquivou de perguntas sobre os casos de agressões a mulheres por parte de assessores e do secretário Pedro Paulo.

Caso o passageiro se recuse a pagar, a Guarda Municipal ou a Polícia Militar poderão ser acionadas para retirá-lo do veículo. Também haverá fiscais que, munidos de máquinas, vão poder verificar, pelo cartão de embarque, se o usuário validou a viagem.

INTEGRAÇÃO COM OUTROS MODAIS

O plano do VLT também prevê a integração do sistema aos ônibus urbanos, BRTs, trens, metrô e barcas, com utilização do Bilhete Único. A tarifa ainda será definida, mas o prefeito garantiu que haverá uma terceira integração. Pelas regras atuais, os passageiros só podem fazer duas integrações pagando uma mesma tarifa.

— No caso do VLT, a prefeitura vai subsidiar. Terá sempre a possibilidade de se fazer uma terceira viagem. A gente ainda está ajustando alguns detalhes, mas o VLT é o integrador de todos os modais — afirmou Paes.

Pela primeira vez, a composição do VLT passeou pelos trilhos já instalados - Fábio Guimarães / Agência O Globo

Responsável pelas obras na Zona Portuária, o presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), Alberto Silva, afirma que 95% dos trilhos do VLT estão em obras. Ao todo, o sistema terá 28 quilômetros de extensão e 32 estações — dez a menos do que foi previsto inicialmente na licitação.

— No fundo, tivemos hoje (sábado) um teste real. Agora, o resultado será analisado para vermos se precisará de algum reajuste. À medida que os trilhos forem sendo ampliados, os testes serão realizados para garantir que os trens entrem em operação assim que todo o trajeto for concluído — afirmou o presidente da Cdurp.

INAUGURAÇÃO ESTÁ PREVISTA PARA ABRIL

Pelo cronograma, o primeiro trecho do VLT começa a funcionar em abril, com 18 estações. A linha ligará a Rodoviária Novo Rio ao Aeroporto Santos Dumont, passando pela Avenida Rodrigues Alves, Praça Mauá e Avenida Rio Branco. O tempo estimado para o percurso é de 30 minutos.

Entre agosto e setembro, está prevista a inauguração de outras 11 estações, entre a Central e a Praça Quinze. Já o trecho da Avenida Marechal Floriano, entre Central e Rio Branco, com três estações, só deve entrar em operação em 2017. Quatro estações (Rodoviária Novo Rio, Central do Brasil, Aeroporto Santos Dumont e Praça Quinze) serão cobertas, assim como as do BRT Transcarioca e Transoeste.

O projeto está custando R$ 1,156 bilhão. Desse total, R$ 624 milhões são da iniciativa privada. O restante vem de recursos repassados pela União. Ao todo, são 25 anos de concessão, sendo 22 de operação e três de obras.

PASSEIO INESPERADO

Neste sábado, a professora de literatura Catarina Schumann, de 65 anos, levou seus alunos para o Museu de Arte do Rio (MAR). O que não estava programado é que, depois do prefeito, ela, nove alunos e duas mães seriam os primeiros passageiros a testar o VLT. A professora conseguiu autorização para embarcar, percorreu o mesmo trajeto que Eduardo Paes e aprovou o novo transporte.

— Estou bastante feliz. Foi uma experiência bastante positiva pelo conforto, pela tranquilidade. O passar sobre os trilhos é bastante suave. Foi muito bom. Todos os transportes poderiam ser assim no Rio. Pena que não é — opinou.

BONDE DO FUTURO

O VLT tem capacidade para 420 passageiros e percorrerá o trajeto em uma velocidade média de 15 km/h. Dependendo do trecho, como a Praça Mauá, onde há muitos pedestres, não passará de 5 km/h.

Segundo a prefeitura, o VLT funcionará 24 horas por dia, todos os dias da semana. O tempo de espera poderão variar entre 3 e 15 minutos, dependendo do horário e local. De madrugada, os veículos circularão de 30 em 30 minutos. Quando estiverem em operação, as seis linhas terão capacidade para transportar até 300 mil passageiros por dia.

Eduardo Paes acompanhou o teste e chegou a dirigir VLT - Fábio Guimarães / Agência O Globo

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