segunda-feira, 14 de maio de 2012

Só os chefes não sabiam da precariedade dos bondes

10/05/2012 - O Dia Online

Presidente e diretor da Central alegaram que não havia registro escrito sobre o caos e escaparam de responder pela morte de seis pessoas. Secretário é alvo de outra ação

Por Pamela Oliveira

Rio -  As autoridades responsáveis pelos bondinhos de Santa Teresa escaparam de responder na Justiça pela morte de seis pessoas em acidente, ano passado, porque, para o Ministério Público, elas não foram informadas sobre a notória precariedade dos veículos. A tragédia de 27 de agosto também deixou 48 passageiros feridos.

Se livraram do processo na Justiça o presidente da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística, Sebastião Rodrigues, responsável pelos bondes, e seu diretor de engenharia, Fábio Tepedino. Os denunciados foram um motorneiro, dois mecânicos e dois engenheiros. O secretário estadual de Transporte, Júlio Lopes, responde a outra ação que apura sua responsabilidade no acidente porque tem foro privilegiado.

Na denúncia do Ministério Público, consta, no entanto, que anotações feitas pelos mecânicos no livro de manutenção da oficina deixam claro que o bonde “não possuía condição para circular” devido a “problemas crônicos em todo sistema de frenagem”. Mas, segundo a promotora Janaína Marques Corrêa, Rodrigues, que hoje é subsecretário estadual de Transporte, e Tepedino declararam não foram informados e que não havia “qualquer registro escrito” sobre os problemas.

“Essa decisão é estarrecedora. O presidente e o diretor da Central é que tinham o poder de retirar os bondes de circulação e comprar peças. Todos sabiam do sucateamento. Desde 2003 os moradores denuncia isso. O MP tem uma liminar de 2008 e uma decisão de 2009 determinando que a Central cumpra uma série de medidas. O estado recorreu 11 vezes”, afirmou o advogado Abaeté Mesquita, da Associação de Moradores de Santa Teres (Amast).

Dias após o acidente, o governador Sérgio Cabral, que à época já estava há cinco anos no governo, admitiu: “A verdade é que a frota de bondinho hoje é sucateada. Assumo o erro do nosso governo”.

Moradores vão protestar

O motorneiro Nelson Corre da Silva, morto no acidente, também foi considerado culpado pelo MP. Ele só não foi denunciado porque está morto. Segundo a promotora, ele e o outro condutor denunciado agiram de forma “negligente” porque continuaram conduzindo o conduziram o bonde após colisão com ônibus.

Os mecânicos e os engenheiros foram acusados pois deveriam ter retirado o bonde de circulação e informado os superiores dos problemas. A associação de moradores planeja manifestação contra a denúncia do MP.

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