09/05/2012 - G1
MP culpou funcionários de empresa por acidente no bonde de Santa Teresa. Tragédia ocorrida no Rio de Janeiro matou 6 pessoas e deixou 48 feridos.
O Sindicato dos Ferroviários decidiu entrar na Justiça contra a decisão do Ministério Público de culpar funcionários da empresa dos bondes de Santa Teresa pelo acidente que matou seis pessoas e deixou 48 feridos. A decisão isentou de culpa o presidente e um diretor da companhia. O acidente aconteceu em agosto de 2011.
Para o Ministério Público, os cinco funcionários denunciados foram negligentes. Eles sabiam que o bonde não tinha condições de uso e mesmo assim não o tiraram de circulação. A responsabilidade do Secretário estadual de Transportes Júlio Lopes é analisada em outra investigação do MP.
De acordo com a denúncia, um motorneiro, o coordenador de manutenção, o chefe da garagem e dois mecânicos devem responder por homicídio e lesão corporal culposa, quando não há intenção de matar.
Nem o presidente e nem o diretor de engenharia da Central, empresa responsável pelos bondes e subordinada à Secretaria estadual de Transportes foram denunciados. Eles sequer fazem parte da relação de pessoas que, segundo o MP, devem ser ouvidas pela Justiça durante o processo.
Para o Ministério Público, eles não foram informados por escrito que o bonde não possuía condições de funcionar.
Associação de moradores contesta denúncia
O diretor da Associação de Moradores de Santa Tereza, Abaeté Mesquita, que acompanhava a rotina dos funcionários dos bondes, contesta a decisão.
“Colocar a culpa no motorneiro Nelson, que já morreu e no que conduzia o bonde é fechar os olhos para os verdadeiros culpados. Temos a percepção de que essa rotina de operação dos bondes era feita de maneira precária, os funcionários chegavam a tirar dinheiro do próprio bolso para comprar peças”, falou Abaeté Mesquita.
Secretário levanta suspeitas de motorneiro
Na época, Júlio Lopes chegou a levantar suspeitas sobre a conduta do motorneiro, que morreu no acidente. Segundo o secretário, ele teria descumprido a ordem de retornar à garagem com o bonde que já tinha se envolvido num acidente no mesmo dia.
Quatro dias depois da tragédia, o presidente do Departamento de Transportes, Rogério Onofre, foi nomeado interventor da empresa e fez um relatório sobre a situação que encontrou.
Ele concluiu que os problemas existiam há décadas e que os bondes só voltariam a funcionar sem oferecer risco com uma mudança radical de gestão tanto na Central, como na Coordenadoria de Bondes.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia (Crea-RJ) afirma que as autoridades já tinham sido alertadas antes sobre os riscos de acidentes com os bondes.
Mas o Secretário Júlio Lopes afirma que o único relatório que recebeu da comissão de prevenção de acidentes do Crea-RJ se referia apenas a problemas no sistema de freios dos bondes reformados, que não era o caso do bonde envolvido no acidente de agosto do ano passado.
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