quarta-feira, 4 de abril de 2012

Traçado dos bondinhos será tombado pelo Iphan

03/04/2012 - O Globo, Luisa Valle

Caminho de trilhos que os carros elétricos fazem pelas ruas de Santa Teresa será preservado pela União

O trajeto feito pelos bondes de Santa Teresa será tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). De acordo com aviso publicado ontem no Diário Oficial da União, o órgão anunciou que pretende preservar seu traçado pelo bairro, que vai da estação junto ao Largo da Carioca até o Silvestre. O Iphan justifica o pedido de tombamento "em razão do seu elevado valor histórico e paisagístico".
O aviso no D.O. afirma ainda que o carro elétrico aberto de número 2, que estaria em melhores condições, também deve ser preservado. Mas de acordo com o Iphan, isso não significa que os bondinhos, que já são tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), ou mesmo os trilhos dos carros serão tombados pelo órgão, apenas o seu trajeto pelas ruas.
Na semana passada, a juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo concedeu uma liminar que suspendeu a licitação aberta pelo Governo do Estado para a reforma dos bondes de Santa Teresa. A justificativa foi que o o edital da licitação era irregular por não apresentar um novo plano básico de implementação do sistema, além de desrespeitar os atos de tombamento dos bondinhos. Ela atendeu a uma ação civil pública impetrada por moradores do bairro.
A decisão pune ainda o governo do estado com uma multa de R$ 20 mil se a concorrência para a licitação não for suspensa, e se novo edital em desacordo com os atos de tombamento for publicado. A juíza ordenou também que um projeto básico para o sistema seja executado em 30 dias, dessa vez respeitando as características originais dos bondinhos, sob pena de multa de R$ 50 mil. Na ocasião, o governo afirmou, em nota, "que vai pedir reconsideração à juíza e recorrer da decisão".

O projeto dos novos bondinhos, planejados para entrarem em funcionamento em 2014, foi preparado pela Central com ajuda de técnicos da Carris, empresa pública portuguesa. Ela seria uma resposta aos pedidos por mais segurança após o acidente de agosto de 2011, que deixou seis mortos e 54 pessoas feridas. Na época, engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) verificaram que uma peça do freio do bonde estava presa com um arame ao invés de um parafuso. Desde então, os bondinhos foram tirados de circulação.
Orçado em R$ 110 milhões, o novo projeto prevê mudanças como estribos retráteis, sistemas de freios de emergência, câmeras de monitoramento e a instalação de proteções de policarbonato nas laterais de toda a extensão do bonde, para evitar quedas. Está prevista também a troca de todos os trilhos do traçado.

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