quarta-feira, 8 de julho de 2015

Quatro bondes de Santa Teresa passam por testes em trecho de 900 metros

Em fase experimental, novo sistema opera sem passageiros entre o Largo da Carioca e a Rua Joaquim Murtinho por dez dias

POR RODRIGO BERTOLUCCI

07/07/2015 - O Globo

RIO — A Secretaria estadual de Transportes iniciou, nesta terça-feira, os testes com quatro dos 14 bondes que circularão experimentalmente em Santa Teresa. Durante a operação, que vai durar dez dias, os veículos percorrerão o trecho entre a estação Carioca e a Rua Joaquim Murtinho. O trajeto de 900 metros será feito sem passageiros, para avaliar os freios magnéticos (os novos bondes têm cinco tipos de freios, contra três dos antigos).

Por determinação do governo estadual, foi preciso cortar e rebaixar paralelepípedos entre o fim da Rua Joaquim Murtinho e o Largo do Curvelo. A altura do calçamento comprometia a atuação dos freios magnéticos sobre os trilhos. Os ajustes devem ser concluídos na próxima semana.


Quatro bondes percorreram um trecho de 900 metros nesta terça-feira - Marcelo Carnaval / Agência O Globo

Segundo o secretário estadual de Transportes, Carlos Roberto Osorio, a previsão é que, até o fim de julho, esses quatro bondes passem a levar passageiros entre a Estação Carioca e o Largo do Curvelo, das 11h às 16h, sem cobrança de tarifa.

— Acompanhados pelo fabricante dos bondes (T Trans), vamos fazer os ajustes necessários para recebermos a autorização e a garantia de que os veículos estão em perfeitas condições de uso — diz Osorio, informando que o consórcio responsável pelos trilhos tem até meados de julho para concluir as alterações.

AVALIAÇÃO NO PRIMEIRO DIA É POSITIVA

Na avaliação do presidente da Companhia Estadual de Engenharia e Logística Roberto Marques, que acompanhou os testes desta terça-feira, o resultado foi positivo:

— O trabalho serviu para calibrar os equipamentos e para treinar os motorneiros que, apesar de experientes, precisavam usar todas as novas tecnologias disponíveis, em especial o freio magnético — avalia.

Passeando pelo Rio, o estudante francês Pierre Aguilar, de 28 anos, ficou encantado ao ver, mesmo que em fase de testes, o bonde circulando pelas ruas do bairro:

— É a segunda vez em que visito o Rio e todos meus amigos falavam sobre o bonde de Santa Teresa. Mesmo em teste fiquei encantado com o veículo — diz.

CUSTO DA OBRA JÁ SUBIU 49%

O morador Edson Araújo, de 30 anos, não está tão otimista. Ele lembra que outros testes já foram feitos e, até agora, o sistema não voltou a funcionar.

— É muito dinheiro jogado fora e que garantia temos de que os bondes vão mesmo voltar? Já houve outros testes e, no mês que vem, vamos completar mais um ano sem o sistema — lamenta Edson, nascido no bairro.

As obras já andaram a passos lentos e até pararam. A conclusão, prevista inicialmente para junho de 2014, foi adiada diversas vezes. Hoje, o governo do estado sequer arrisca uma data para o encerramento dos trabalhos.

O consórcio Elmo-Azvi já foi multado duas vezes por problemas nos serviços prestados. O montante chega a R$ 1,35 milhão. O grupo apresentou um recurso, que está sob análise.


No Largo dos Guimarães a instalação dos trilhos já foi concluída mas a obra ainda está em fase de concretagem no trecho da Rua Almirante Alexandrino próximo ao Bar do Arnaudo. O custo total da reforma, que já está 49% mais alto que o valor inicial, passou para R$ 87,1 milhões no mês passado.

O sistema está parado desde 27 de agosto de 2011, quando seis pessoas morreram e 57 ficaram feridas num descarrilamento na Rua Joaquim Murtinho. O laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) detectou 23 problemas no veículo.

COMO FOI O TESTE DOS BONDES

A Secretaria estadual de Transportes iniciou os testes operacionais com quatro dos 14 bondes que...Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo

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