05/07/2015 - O Globo / Agência Brasil
RIO - Após os moradores de Santa Teresa protestarem neste sábado por conta do atraso nas obras para a reativação do bondinho de Santa Teresa, o prefeito Eduardo Paes defendeu, na tarde deste domingo, que a operação dos bondes seja municipalizada e integrada ao Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do Centro. No entanto, o prefeito voltou a rejeitar a possibilidade de assumir a execução das obras, hoje a cargo do governo do estado.
A declaração foi dada durante a apresentação da primeira composição do VLT. Para Eduardo Paes, os bondes fazem parte da "vocação" do Rio de Janeiro. Ele criticou a opção "rodoviarista" de governos anteriores e afirmou que a municipalização dos bondes é uma tendência "natural", mas faltam recursos para que a prefeitura assuma também a execução da obra.
— É natural que o bonde de Santa Teresa seja municipalizado. Acho até que ele pode ser incorporado a essa rede do VLT, com as características do bonde de Santa Teresa. Mas a prefeitura do Rio não tem condições de assumir mais obras. Já temos um conjunto de obras importantes, que queremos entregar no prazo e no custo. Tem que ter responsabilidade para não querer abraçar o mundo e depois não entregar — analisou.
Paes revelou ainda que o secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani, deve divulgar em até 15 dias o levantamento de quais linhas de ônibus deixarão de circular no Centro após o começo da operação do VLT. Segundo Jorge Arraes, titular da Secretaria Especial de Concessões e Parceiras Público-Privadas da prefeitura, a modulagem para a implantação do VLT mostram que devem ser retirados cerca de 80% dos ônibus que hoje circulam na Zona Portuária.
— A hipótese é que a gente teria em torno de 80% a 85% de redução do número de ônibus na Zona Portuária. Mas com a abrangência do VLT sendo expandida para o Centro da cidade, ainda não temos esse número. Vai ocorrer uma nova racionalização das linhas de ônibus do Centro e o VLT vai contribuir muito para isso — explicou.
Acompanhado por seu secretário de Coordenação de Governo, Pedro Paulo, e pelo deputado federal Rodrigo Maia (DEM), Paes visitou a primeira composição do VLT, que entrará em testes em breve. Funcionários do VLT também conheceram a composição, que foi totalmente construída na França, assim como outras quatro que também serão importadas este ano. Os demais 27 VLTs, que terão alguns componentes produzidos em São Paulo, chegam no primeiro semestre de 2016.
Arraes ainda descartou a possibilidade de que atrasos nas linhas de ônibus que farão a integração com o VLT prejudiquem a eficiência da integração de modais, como ocorre hoje com os corredores BRT TransOeste e TransCarioca. Segundo ele, as especificidades do transporte sobre trilhos diminuem a possibilidade de problemas:
— Isso não vai ocorrer aqui porque o intervalo do VLT é muito menor do que o de qualquer outro modal.
Agência Brasil
Primeiro trem do VLT chega ao Rio
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, apresentou neste domingo (5) o primeiro trem do sistema de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), de um total de 32 que vão funcionar no centro e na zona portuária da capital fluminense por 28 quilômetros de trilhos.
Com previsão de começar a circular a partir de abril de 2015, esses serão os primeiros meios de transporte público do país com validação voluntária, ou seja, sem roletas e cobradores. Os passageiros é que devem pagar a tarifa espontaneamente com o bilhete único, de maneira similar ao modelo empregado em algumas cidades da Europa, como Amsterdã e Berlim. Para o prefeito, o carioca terá de aprender a respeitar as regras.
"As pessoas têm que entender que se elas derem o trambique e não pagarem, quem pagará é a própria população, porque a prefeitura terá de arcar com essa conta. Culturas que são importantes mudarmos no Brasil", disse ele.
O prefeito também destacou que o VLT integrará todos os demais modais da cidade. "Quem chega de barca na cidade encontra um VLT, quem vier de trem também, o metrô integra com o VLT e todos os BRT (Bus Rapid Transit) vão integrar o VLT. Isso é um avanço enorme na mobilidade da cidade, tirar essa confusão de ônibus do centro. É a volta do bonde, que sempre foi uma marca da cidade e essa política pública nunca deveria ter sido mudada. Cidade e carro não funcionam", completou Paes.
Das dezenas de estações previstas, apenas quatro serão fechadas: na Rodoviária Novo Rio, na Central do Brasil, Barcas e Aeroporto Santos Dumont. O primeiro trecho a entrar em operação vai transportar passageiros entre a Rodoviária Novo Rio e o Aeroporto Santos Dumont. Segundo a prefeitura, o serviço será oferecido as 24 horas e deve transportar diariamente 300 mil pessoas, com intervalos de três a 15 minutos.
Com capacidade para 420 pessoas, o modelo apresentado foi construído na França, de onde virão mais quatro trens. Os demais veículos vão ser fabricados na cidade de Taubaté, em São Paulo, com tecnologia francesa. O novo meio terá um total de R$ 1,157 bilhão de investimento público, sendo R$ 532 milhões de recursos federais do Programa de Aceleração do Crescimento da Modalidade (PAC 2) e R$ 625 milhões viabilizados por meio de Parceria Público-Privada (PPP) da prefeitura. O serviço será terceirizado por meio de concessão, com prazo de 25 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário