27/03/2015 - O Globo
Artistas e intelectuais estão mobilizados em impedir a retirada da obra "Escultura para o Rio", de Waltércio Caldas, para a passagem do VLT na Avenida Presidente Antônio Carlos, no Centro. Um abraço em defesa do monumento foi marcado pelas redes sociais para acontecer hoje ao meio-dia. A obra faz parte de um conjunto de esculturas assinadas por artistas contemporâneos feitas na década de 1990. Dos cinco monumentos públicos, dois já foram retirados de seus locais originais.
Como noticiou na quarta- feira a coluna Gente Boa, do GLOBO, a escultura está no traçado do VLT e, segundo Caldas, seria derrubada pela prefeitura. A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), responsável pelas obras no local, marcou uma reunião com o artista para decidir o que será feito com o trabalho.
— Fui informado por dois engenheiros que a escultura estava no trajeto da obra e que, embora tivessem considerado desviar de árvores, não tinham considerado o monumento — afirma o artista.
A obra de Caldas faz parte do projeto Esculturas Urbanas, promovido pela Secretaria municipal de Cultura em 1997. Um comitê de críticos convidou cinco artistas para criarem trabalhos para o Centro do Rio. Além de Caldas, participaram Franz Weissmann, José Resende, Ivens Machado e Amílcar de Castro. Porém, tanto a escultura de Ivens, que estava na Rua da Carioca, como a de Amílcar, que ficava na Praça Tiradentes, já foram removidas de seus cenários originais.
— Fiquei bastante abalado ao ver que minha escultura não estava mais lá, mas entendi que eles precisavam retirar para fazer uma obra. Espero ao menos ser consultado caso coloquem- na em outro lugar — lamenta Ivens Machado, cujo trabalho foi retirado no ano passado por causa de obras no Centro.
A Secretaria municipal de Conservação informou que a escultura de Ivens foi levada para a sede da Gerência de Monumentos e Chafarizes e será recolocada no endereço original após a conclusão das obras. Já a escultura de Amílcar, que está no fim do canteiro central da Avenida Delfim Moreira, no Leblon, foi deslocada a pedido da família do artista, morto em 2002.
Helena Severo, que comandava a Secretaria de Cultura quando o projeto foi criado, lamenta a decisão da prefeitura de retirar as obras de seus endereços originais. Ela argumenta que a localização foi discutida pela comissão responsável, e sua mudança prejudica o conceito da obra.
Uma das pessoas que confirmaram presença no "abraço coletivo", a crítica de arte Daniela Name defende que mudanças sejam debatidas com o artista e a sociedade. Ela ressalta que a obra é uma das esculturas contemporâneas públicas mais importantes da cidade.
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