08/09/2012 - Jornal do Brasil
O bonde de Santa Teresa é patrimônio do povo do Rio de Janeiro
Por Redação, com RBA - do Rio de Janeiro
aniversário de um ano do acidente com o bondinho de Santa Teresa – que causou a morte de seis pessoas e deixou 56 feridos, em 27 de agosto, no Rio de Janeiro – fez com que a possibilidade de municipalização do sistema de transportes que opera no tradicional bairro carioca se tornasse um dos principais pontos de discussão da campanha eleitoral na cidade. Todos os candidatos à prefeitura dos partidos de oposição defendem que a operação dos bondinhos, interrompida desde a tragédia,deixe de ser prerrogativa do governo estadual, e até mesmo o prefeito Eduardo Paes (PMDB), que tenta a reeleição e é correligionário do governador Sérgio Cabral, já admite estudar essa possibilidade se for reeleito.
O candidato Marcelo Freixo (PSOL), que é deputado estadual, propôs a realização de uma auditoria nos contratos firmados entre o governo estadual e a empresaTTrans para a reforma dos bondinhos. Integrantes da Associação dos Moradores eAmigos de Santa Teresa (Amast) afirmam que a empresa – a mesma que em 2005 seresponsabilizou pela fracassada reforma da velha frota – não está respeitando asnormas necessárias para a reforma atual, uma vez que o sistema de transportesdo bairro é considerado patrimônio cultural do Rio de Janeiro: "A lei que tombou os bondes está sendo desrespeitada", diz Freixo, que critica a "omissão"de Paes sobre o assunto.
Tendoa questão da mobilidade urbana como um dos eixos de sua campanha, a candidata verdeAspásia Camargo, que também é deputada estadual, faz coro à crítica contra a adoção de um novo modelo de bondinho em detrimento do modelo histórico e defende o cancelamento da licitação promovida pelo governo estadual: "A administração dos bondinhos de Santa Teresa deve ser transferida ao município", diz a candidatado PV.
OtávioLeite (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM) também se posicionaram pela municipalização dosbondinhos de Santa Teresa. O tucano defende uma gestão em parceria entre a prefeitura e o governo do estado, mas também critica o atual prefeito do Rio "por se ausentar do debate". Já o candidato demista se limitou a classificar a interrupção prolongada do serviço como "um grande desrespeito à população da cidade", enquantosua vice – a deputa estadual Clarissa Garotinho (PR) – foi à tribuna daAssembleia Legislativa do Rio (Alerj) para homenagear o motorneiro NélsonCorreia da Silva, morto no acidente.
Oprefeito Eduardo Paes prega respeito ao governo estadual e afirma que é precisoesperar a conclusão do processo de aquisição e entrada em circulação dos 14novos bondinhos (que custarão R$ 49 milhões) para que se possa discutir uma eventual municipalização do sistema. Como o prazo dado pelo governo estadualpara isso é de dois anos, seus adversários o acusam de fugir da discussão: "Nãoestou fugindo, mas confio na minha reeleição e acredito que isso [a municipalização]possa ser tratado mais tarde", diz o prefeito, que imagina a integração dosbondinhos de Santa Teresa com o sistema de Veículos Leves sobre Trilhos (VLTs)que circularão no Centro do Rio até a Copa do Mundo de 2014.
Impacto ambiental
Entre alguns dos principais candidatos a vereador pela oposição, a ideia demunicipalização dos bondinhos de Santa Teresa também encontra forte respaldo. Overeador Eliomar Coelho (PSOL), que em 2008 apresentou ao Ministério Público umquestionamento sobre o sucateamento do sistema, defendeu a ideia durante reuniãocom representantes da Amast: "Afalta de manutenção e investimento mostram mais um caso de transporte público sucateado com a intenção de se justificar que a iniciativa privada assuma aoperação", diz.
Candidato ambientalista e ex-morador de Santa Teresa, Rogério Rocco (PV)também defende "a volta do bonde tradicional, e não desse bonde novo que estãopretendendo". Ele afirma que, com a municipalização, o sistema utilizado nobairro poderia ser multiplicado em outros pontos da cidade: "A política detransportes do Rio de Janeiro privilegia o ônibus e o carro em detrimento de opções como o bondinho, o transporte hidroviário e outras alternativas que representariam maior mobilidade urbana com menor impacto ambiental. O transporte sobre trilhos é uma boa opção para o Rio", diz, referindo-se à alternativa de transporte viável para Santa Teresa.
Fonte: Jornal do Brasil/RJ
Marcelo Almirante
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domingo, 30 de setembro de 2012
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Moradores de Santa Teresa pedem a preservação de modelo de bonde
09/09/2012 - Agência Brasil
Integrantes do movimento O Bonde que Queremos, do bairro de Santa Teresa, entregaram ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), um referendo com 14.500 assinaturas. O documento detalha as características históricas do bonde que a comunidade quer que sejam mantidas.
A engenheira Elzbieta Mitkiewicz, presidente da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), disse que a comunidade recorreu ao Iphan para impedir a descaracterização dos atuais bondes por modelos mais modernos.
''O bonde que é a identidade do bairro, que é a alma do bairro, é esse que nos serviu durante 115 anos. Quatorze mil e quinhentas pessoas assinaram o manifesto O Bonde que Queremos, que é exatamente esse, que faz parte do bairro, não tem como negar isso. Nós viemos aqui, ao Iphan, para justamente discutir isso, que é o modelo do bonde, os moradores querem ele como sempre foi: aberto, popular, ecológico. Não queremos outro bonde, queremos esse'', ressaltou.
De acordo com a engenheira, foi montada uma câmara técnica para avaliar a segurança do bonde centenário. Um dos participantes dessa câmara, Alcebíades Fonseca, do Clube de Engenharia, declarou que a reunião com a superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Cristina Lodi, foi produtiva. Fonseca explicou que a questão da segurança, uma das preocupações em relação aos bondes antigos, pode ser resolvida.
''A questão não se prende só à estética do bonde, mas na questão da construção dele. Santa Teresa é um local adverso, com aclividade, com curvas, então a manutenção do sistema, embora antigo, é que garante o bom funcionamento. Para a engenharia tudo é possível, você mantém o bonde antigo e dota ele de um sistema que deixa mais seguro que avião''.
O engenheiro Luiz Cosenza, coordenador da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes (Capa) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), alerta para a falta de projeto técnico na licitação do novo sistema de bondes de Santa Teresa. ''Nós entendemos que há solução para manter o bonde tradicional com segurança e é isso que nós defendemos. A gente não quer que se faça agora uma licitação, como foi feita, sem que tenha um projeto. A gente quer que, antes de se construir o bonde, se faça o projeto, para que amanhã a gente não esteja lá no Crea analisando novos acidentes''.
Cosenza lembrou que a entidade foi chamada, no ano passado, para analisar as causas do acidente que deixou seis mortos e mais de 50 feridos. De acordo com ele, ficou comprovado que o motivo foi falta de manutenção no sistema, e não o modelo do bonde.
Em abril deste ano, o Iphan concedeu o tombamento provisório do Sistema de Bondes de Santa Teresa, por sua importância histórica e paisagística. Mas, de acordo com o instituto, a medida atinge o trajeto, do Largo da Carioca até o Silvestre, além do bondinho nº 2, modelo que foi tirado de circulação e ficará em exposição. Em nota, o Iphan diz que o tombamento não especifica o modelo de trilho ou de bondes, para possibilitar atualizações dos equipamentos.
Integrantes do movimento O Bonde que Queremos, do bairro de Santa Teresa, entregaram ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), um referendo com 14.500 assinaturas. O documento detalha as características históricas do bonde que a comunidade quer que sejam mantidas.
A engenheira Elzbieta Mitkiewicz, presidente da Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa (Amast), disse que a comunidade recorreu ao Iphan para impedir a descaracterização dos atuais bondes por modelos mais modernos.
''O bonde que é a identidade do bairro, que é a alma do bairro, é esse que nos serviu durante 115 anos. Quatorze mil e quinhentas pessoas assinaram o manifesto O Bonde que Queremos, que é exatamente esse, que faz parte do bairro, não tem como negar isso. Nós viemos aqui, ao Iphan, para justamente discutir isso, que é o modelo do bonde, os moradores querem ele como sempre foi: aberto, popular, ecológico. Não queremos outro bonde, queremos esse'', ressaltou.
De acordo com a engenheira, foi montada uma câmara técnica para avaliar a segurança do bonde centenário. Um dos participantes dessa câmara, Alcebíades Fonseca, do Clube de Engenharia, declarou que a reunião com a superintendente do Iphan no Rio de Janeiro, Cristina Lodi, foi produtiva. Fonseca explicou que a questão da segurança, uma das preocupações em relação aos bondes antigos, pode ser resolvida.
''A questão não se prende só à estética do bonde, mas na questão da construção dele. Santa Teresa é um local adverso, com aclividade, com curvas, então a manutenção do sistema, embora antigo, é que garante o bom funcionamento. Para a engenharia tudo é possível, você mantém o bonde antigo e dota ele de um sistema que deixa mais seguro que avião''.
O engenheiro Luiz Cosenza, coordenador da Comissão de Análise e Prevenção de Acidentes (Capa) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), alerta para a falta de projeto técnico na licitação do novo sistema de bondes de Santa Teresa. ''Nós entendemos que há solução para manter o bonde tradicional com segurança e é isso que nós defendemos. A gente não quer que se faça agora uma licitação, como foi feita, sem que tenha um projeto. A gente quer que, antes de se construir o bonde, se faça o projeto, para que amanhã a gente não esteja lá no Crea analisando novos acidentes''.
Cosenza lembrou que a entidade foi chamada, no ano passado, para analisar as causas do acidente que deixou seis mortos e mais de 50 feridos. De acordo com ele, ficou comprovado que o motivo foi falta de manutenção no sistema, e não o modelo do bonde.
Em abril deste ano, o Iphan concedeu o tombamento provisório do Sistema de Bondes de Santa Teresa, por sua importância histórica e paisagística. Mas, de acordo com o instituto, a medida atinge o trajeto, do Largo da Carioca até o Silvestre, além do bondinho nº 2, modelo que foi tirado de circulação e ficará em exposição. Em nota, o Iphan diz que o tombamento não especifica o modelo de trilho ou de bondes, para possibilitar atualizações dos equipamentos.
Prefeito do Rio quer municipalizar bondes e Cedae
13/09/2012 - O Globo
Paes desqualifica relatório sobre cartel nas linhas de ônibus
Por Juliana Castro
Após dizer que aguardaria a aquisição dos novos bondes de Santa Teresa e a reforma para estudar a municipalização do sistema, o prefeito do Rio e candidato à reeleição pelo PMDB, Eduardo Paes, afirmou ontem, em entrevista à rádio CBN, que o município pretende mesmo assumir o controle deste meio de transporte. A proposta também é defendida pelos quatro principais adversários do peemedebista.
Em agosto de 2011, seis pessoas morreram e quase 60 ficaram feridas quando um dos bondes descarrilou e tombou. Desde então, o sistema está parado. Paes disse que a prefeitura vai implantar um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) no Centro, por meio de parceria público-privada. Segundo ele, metade do dinheiro - R$ 600 milhões - já estão garantidos pelo governo federal, no orçamento do PAC. O restante virá da iniciativa privada.
- Vamos implantar o VLT, que já está em processo de licitação. Pretendo incorporar o bonde de Santa Teresa a esse processo de implantação do VLT, que é um bonde mais moderno que vai ter no Centro da cidade. E, assim que o estado concluir as obras e a contratação que está fazendo lá, a gente pretende assumir - disse Paes.
O peemedebista afirmou ainda ser a favor da municipalização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), hoje nas mãos do governo estadual. Esta também é uma das propostas de Aspásia Camargo (PV). Segundo o prefeito, o município já é responsável por parte do sistema de esgoto da cidade - em bairros da Zona Oeste, onde 5% do esgoto é tratado.
documento do cade é antigo
Durante a sabatina, Paes foi questionado sobre relatório do Tribunal de Contas do Município, que apontou indícios de formação de cartel na licitação das linhas de ônibus no Rio. Segundo o TCM, das 41 empresas que participaram da concorrência para operar o sistema por 20 anos - renováveis por igual período-, apenas oito teriam respeitado as normas do edital. O peemedebista desqualificou o documento.
- O relatório levanta a hipótese de formação de cartel. Isso é uma incoerência pois é um serviço concedido, não pode formar cartel nunca. É uma ilação feita no relatório do TCM, que um candidato vai repetindo e, infelizmente, vira meio que verdade - disse Paes, que entregou à CBN um relatório do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que desmentiria isso.
O relatório do Cade, no entanto, não faz referência à licitação dos ônibus na qual o TCM aponta indícios de cartel. A averiguação 08012005355/2002-38, já arquivada, é referente a uma investigação anterior. Um dos alvos era a criação pelas empresas que operavam o sistema na década de 90 de uma câmara de compensação tarifária, além de um suposto acordo entre concorrentes para manipular resultados de licitações. A assessoria do prefeito alega, porém, que a decisão do Cade se aplica também à situação atual.
Paes desqualifica relatório sobre cartel nas linhas de ônibus
Por Juliana Castro
Após dizer que aguardaria a aquisição dos novos bondes de Santa Teresa e a reforma para estudar a municipalização do sistema, o prefeito do Rio e candidato à reeleição pelo PMDB, Eduardo Paes, afirmou ontem, em entrevista à rádio CBN, que o município pretende mesmo assumir o controle deste meio de transporte. A proposta também é defendida pelos quatro principais adversários do peemedebista.
Em agosto de 2011, seis pessoas morreram e quase 60 ficaram feridas quando um dos bondes descarrilou e tombou. Desde então, o sistema está parado. Paes disse que a prefeitura vai implantar um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) no Centro, por meio de parceria público-privada. Segundo ele, metade do dinheiro - R$ 600 milhões - já estão garantidos pelo governo federal, no orçamento do PAC. O restante virá da iniciativa privada.
- Vamos implantar o VLT, que já está em processo de licitação. Pretendo incorporar o bonde de Santa Teresa a esse processo de implantação do VLT, que é um bonde mais moderno que vai ter no Centro da cidade. E, assim que o estado concluir as obras e a contratação que está fazendo lá, a gente pretende assumir - disse Paes.
O peemedebista afirmou ainda ser a favor da municipalização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), hoje nas mãos do governo estadual. Esta também é uma das propostas de Aspásia Camargo (PV). Segundo o prefeito, o município já é responsável por parte do sistema de esgoto da cidade - em bairros da Zona Oeste, onde 5% do esgoto é tratado.
documento do cade é antigo
Durante a sabatina, Paes foi questionado sobre relatório do Tribunal de Contas do Município, que apontou indícios de formação de cartel na licitação das linhas de ônibus no Rio. Segundo o TCM, das 41 empresas que participaram da concorrência para operar o sistema por 20 anos - renováveis por igual período-, apenas oito teriam respeitado as normas do edital. O peemedebista desqualificou o documento.
- O relatório levanta a hipótese de formação de cartel. Isso é uma incoerência pois é um serviço concedido, não pode formar cartel nunca. É uma ilação feita no relatório do TCM, que um candidato vai repetindo e, infelizmente, vira meio que verdade - disse Paes, que entregou à CBN um relatório do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) que desmentiria isso.
O relatório do Cade, no entanto, não faz referência à licitação dos ônibus na qual o TCM aponta indícios de cartel. A averiguação 08012005355/2002-38, já arquivada, é referente a uma investigação anterior. Um dos alvos era a criação pelas empresas que operavam o sistema na década de 90 de uma câmara de compensação tarifária, além de um suposto acordo entre concorrentes para manipular resultados de licitações. A assessoria do prefeito alega, porém, que a decisão do Cade se aplica também à situação atual.
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