30/09/2013 - Valor Econômico
Uma revolução nos transportes poderá ocorrer até os Jogos Olímpicos, em 2016, no Rio de Janeiro. Hoje 20% das viagens diárias na cidade são feitas por sistemas de alta capacidade de transporte de passageiros, como trens, metrô ou barcas. Em três anos, esse percentual deverá pular para 63%. Na região central, o cenário visto hoje, em que três quartos das pessoas se movimentam por carros ou ônibus, também deve se inverter: 70% dos deslocamentos deverão ser feitos por metrô, barcas e pelos corredores expressos de ônibus. A alimentação desse amplo sistema dentro do centro será feita pelo projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que entra em circulação pelo Rio de Janeiro até 2016 e ligará os bairros da região portuária ao centro financeiro e ao Aeroporto Santos Dumont. O leque de opções deverá valorizar a região central carioca, atraindo moradores e empresas, que hoje têm buscado novos locais para se instalar.
"A realização dos eventos esportivos impulsionou uma série de projetos que irão mudar a cara da mobilidade urbana no Rio. O carioca terá uma série de opções à sua volta, sendo que estamos investindo nos sistemas de alta capacidade e no VLT, que irá distribuir os passageiros pelo centro e outras regiões. Todos os sistemas estarão conectados, o que poderá fazer com que em alguns casos o tempo de deslocamento caia em 50%", diz o secretário de Transportes da cidade, Carlos Osório. "Para vencermos o desafio da mobilidade precisaremos obrigatoriamente oferecer ao carioca transporte público de massa."
No momento, está em licitação a primeira etapa de obras para a construção do corredor expresso de ônibus TransBrasil, que servirá à região portuária. "Esse sistema fará a ligação da avenida Brasil com o centro do Rio", explica o secretário. A segunda etapa deverá ser realizada até o início do próximo ano. O investimento no corredor deverá chegar a R$ 1,5 bilhão. Ele deverá beneficiar pouco mais de 800 mil passageiros por dia, reduzir em 40% o tempo gasto dos usuários e operar até 2016.
A grande aposta do Rio como alternativa de transporte de alta capacidade são os BRT (Bus Rapid Transit), corredores expressos e segmentados de ônibus, que, atualmente, já transportam mais de 120 mil pessoas diariamente na cidade. "Além do TransBrasil, vamos implantar, até 2016, outros três BRTs, atendendo a todas as regiões da cidade e interligando este novo sistema com a rede de metrô e trem. A prefeitura está investindo R$ 7 bilhões em um sistema de mobilidade urbana racional, integrado e diferenciado."
Além do corredor TransBrasil, que circulará na região do Porto Maravilha, a prefeitura trabalha na construção de três outros BRTs. Um deles é o TransCarioca que fará a ligação entre a zona oeste e o aeroporto do Galeão e deverá entrar em operação no próximo ano, antes da Copa. Outro é o TransOlímpica, que interligará em 25 quilômetros de vias a Barra com Deodoro, beneficiando 70 mil passageiros por dia. "Por fim, haverá ainda o TransOeste, que já teve parte de um trecho entregue. Esses quatro sistemas de BRTs estarão interligados e permitirão uma revolução na mobilidade urbana da cidade, sendo que o transporte passará a ser indutor do desenvolvimento local", ressalta Osório.
O consórcio BRT, formado por empresas privadas, irá operar a concessão dos corredores por 20 anos. Com a implantação de todo o sistema, em 2016, a prefeitura poderá reduzir em cerca de um terço a frota de ônibus da cidade, tirando das ruas aproximadamente dois mil coletivos das vias.
Além da reordenação das linhas de ônibus em corredores expressos, outra aposta do sistema de transporte público de alta capacidade é o VLT, que contará com 28 quilômetros e promete ampliar a oferta de transporte público na região do Porto Maravilha. O projeto terá suas obras divididas em duas etapas. A primeira será a implantação do trecho Vila de Mídia - Santo Cristo - Praça Mauá - Cinelândia, com prazo para ser concluído em 2015. Já a segunda etapa contempla os trechos Central - Barcas, Santo Cristo - América - Central - Candelária, América - Vila de Mídia e Barcas - Santos Dumont, a serem implantados até 2016.
Primeiro do gênero no Brasil, ele também será um dos primeiros do mundo projetados sem catenárias (cabos para captar energia em fios suspensos). O abastecimento será feito por um sistema de alimentação pelo solo, uma espécie de terceiro trilho já implantado com sucesso em diversas cidades europeias. "Inicialmente serão construídas cinco unidades na Espanha pela Alstom, visando atender ao prazo de início da operação. Os outros 27 trens serão construídos no Brasil a partir de transferência de tecnologia. As primeiras unidades serão iguais às que estão em atividade hoje em Bordeaux, na França", destaca o presidente do VLT Carioca, Claudio Andrade.
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