23/12/2012 - Folha de São Paulo
AGÊNCIA BRASIL
O novo modelo de bonde que voltará a circular nas ruas de Santa Teresa, no centro do Rio, será conhecido em fevereiro. Em cerca de dois meses, o protótipo dos 14 bondes será apresentado pela empresa T-Trans aos órgãos responsáveis pela preservação das características originais do bondinho, como o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional).
A informação é do presidente da Central (Companhia Estadual de Engenharia de Transporte e Logística), Eduardo Macedo, que é o responsável pela revitalização do sistema de bondes, feita pela empresa que ganhou a licitação. A previsão é que as primeiras unidades sejam entregues em 2014, quando os trilhos e toda a rede aérea no bairro tiver sido substituída.
O projeto de reforma dos bondinhos é questionado pela Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa. A polêmica é a descaracterização dos veículos, que por mais de um século transportaram turistas e moradores. Os novos bondes terão capacidade de transportar metade dos passageiros que os antigos transportavam, com a inclusão de uma placa de policarbonato para impedir que pessoas viajem no estribo.
Fernando Rabelo - 16.fev.11/Folhapress
Bonde trafega por rua de Santa Teresa, no centro do Rio, antes de acidente que matou seis
Com o fim do estribo fixo, entra um corredor para facilitar a locomoção dos passageiros dentro do bonde, o que representará a redução de 40 para 24 lugares. Com isso, a associação avalia que o veículo perde o caráter de transporte público de massa, para atender à população em deslocamentos cotidianos, porque as vagas serão insuficientes diante da demanda.
Para não criar obstáculos à modernização do sistema e "em prol da segurança", o Iphan não incluiu trilhos ou carros no tombamento do trajeto do bonde. O tombamento do órgão estadual, o Inepac (Instituto Estadual do Patrimônio Estadual), que também precisa aprovar o protótipo da T-Trans, protegeu de alterações em todo o sistema, inclusive as oficinas.
Outra preocupação é com a funcionalidade do bonde. A T-Trans, que fez a reforma dos bondes em 2005, entregou modelos que ficaram conhecidos como "Frankestein", por não se adaptarem às ladeiras de Santa Teresa e travarem nas curvas. Os carros ganharam modernização na parte elétrica, mas em contrapartida ficaram mais baixos e com dificuldade de deslizar sobre os trilhos.
O bairro está sem os bondes desde agosto de 2011, quando um acidente matou seis pessoas e deixou outras 50 feridas. Os ônibus fazem o serviço de transporte público, mas são constantemente alvo de reclamações. Em novembro, um deles bateu próximo ao local do acidente do bonde.
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